- Capitão?
- Pois não?
[silêncio]
- Pois não?!
- Ahm. Desculpe.
[silêncio longo]
- Quanta neblina.
- Te incomoda?
- De forma nenhuma.
- Com o tempo, a gente se acostuma a olhar a neblina.
- Levou muito tempo pra você aprender, Capitão?
- Eu ainda não sei.
[silêncio]
- Entenda: a neblina não a vemos de perto. Apenas de longe. Lá longe, as curvas do céu se esfumaçam, as gotas de tinta se distorcem. De repente, tudo está em expansão, e o quadro se desfoca completamente... Parece que tudo cresce e se aproxima. [silêncio] Sem se dar conta, você está no meio da névoa. Nebuloso, turvo, distorcido. As gotículas de água raspam na pele dos seus braços e acomodam-se suavemente em seu rosto. Você tenta enxergar, mas não tem muita certeza se está conseguindo. Por fim, o nevoeiro se vai, desprendendo de você alguma coisa que não se sabe ao certo.
[silêncio]
- O senhor já passou por muitos nevoeiros, Capitão?
- Deles, eu nunca saí.
Latuf nos deixou. Andará por Pasárgada, Vênus, as mais belas estrelas.
Poetas não morrem, se transformam. Latuf pulsa e brilha, energia cósmica.
Esteja ond...