terça-feira, 11 de agosto de 2015

De(s) a pego

Olhar a eternidade passar como quem observa o deslocamento de uma nuvem. Queimar-se inteiro por dentro diante do quão irremediável é o tempo; diante do simples fato de os passos não andarem para trás - apesar de olharmos tanto o passado. Esfumaçamo-nos na tentativa falha de deixar cinzas por um chão que, igualmente, se esfacela aos poucos.

Assim, agarramo-nos a todo resquício de algo que já foi ou possa ser - e surpreendemo-nos com a atualidade de nossas próprias e singulares palavras, e com a concretude de seus sentidos. 

Tudo isso para dizer: calma. Para proferir as mesmas palavras repetidas, relegadas a páginas e páginas azuis, velhos mausoléus de esperanças rasgadas com a fúria de um coração partido - juntado e, enfim, re-partido.

Tudo isso para dizer: tenha fé. É sempre o que sobra no final.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Paralelo

Sem muito o que dizer ou calar. Em algum momento, as palavras tornam-se repetitivas e desbotam-se aos poucos. Não há explicação, nem tampouco aceitabilidade, digamos. É quase um resignar-se por fora - mas, certamente, não por dentro. É difícil isso de se resignar por dentro... Eu fico esperando dias a fio.

Faltou o ar...
E não era da fumaça do cigarro que fumava, bem naquele dia que te conheci. Conversa vai e vem; um deck frio; a fumaça continuava a subir, costurando formas no ar tão espontâneas quanto as sinapses no meu corpo e coração.

Faltou o ar.
A gente segue a direção que o nosso próprio coração mandar. Ok, combinado.
Mas, sabe...
Até as linhas paralelas se encontram no infinito. E o mais lindo: esse tal infinito cabe no espaço de um beijo, de um olhar fulminante tentando descobrir pensamentos escondidos; cabe na beleza intraduzível de algumas palavras.

Faltou o ar.
É fácil encontrar o infinito. Até as linhas paralelas se encontram no infinito.