sábado, 31 de janeiro de 2009

A Regente


É como um fio que foge. Quando corro atrás dele, ele foge de mim. Me zomba, ri de mim. Mas quando o esqueço, ele faz-se presente. Vem, afaga-me marotamente. Provoca-me. E quando tento, agarrá-lo escapole-me das mãos. É um ciclo. Uma disputa. Uma divertida caçada cujo resultado, os senhores presenciam.

Enquanto ela não quer, não escrevemos. Ela controla, não os nossos dedos, mas o maquinário, que produz o impulso e o leva da cabeça ao braço, do braço ao teclado, e do teclado às palavras. Ela é magnânima em seus desejos e caprichos. Devemos o que produzimos a ela.
Tentar contrariá-la é inútil. Perda de tempo. Tentará, desesperadamente, e só o que conseguirá será o cursor piscando para você, indagando: “E agora? – O que fazer? – Vai escrever? – O que? – O que?” Sem parar... É extremamente angustiante. Você querer escrever sem saber o que, como, por onde, e tudo o mais. Talvez falte perceber o que o move. Ela. Talvez falte perceber que não é você que decide quando escreve, e sim, ela. Você é apenas um mero escravo; todo escritor é apenas um mero escravo, de uma força maior, regente de todos os que se arrebatam no papel.
Se tens sucesso, agradece a ela. Se te expressas como desejas, agradece a ela. Se ama teus escritos, agradece a ela. A regente do nosso talento. A responsável de tudo isso. Essa força maior que o qualquer explicação que o mundo pode comportar:
A Inspiração.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Cassie

A pergunta fora feita apenas uma vez.
Seu braço segurava aquela arma com asco. Ela tremia. As lágrimas corriam soltas, mas nem um soluço. Estava em silêncio. Não ousava emitir um único ruído além da resposta desejada. Ela sabia qual era. A desejada sim, a que deveria ser tomada, não.
Noite adentro, e densa névoa caía lentamente. Ela envolvia as cinco pessoas, e os prendia àquele cenário macabro, mas perfeito para a ocasião. Cassie, em seu íntimo, suspeitava que o espesso nevoeiro havia congelado os corações daqueles dois homens junto à sua esperança, e seu - ainda despercebido - arrependimento. Ela tremia, não só pelo frio.

- E então, menininha...? Está criando coragem? Você tem apenas duas opções, criança: sim, ou não. Escolha! Deveria ser fácil para você...
Sua risada ecoava pela noite. O destino das três estava nas mãos trêmulas de Cassie. Ela olhou para Rachel e Nina, sob a mira da arma do outro cara. Estavam aterrorizadas...
- Eu não posso atirar em nenhuma...
- SIM ou NÃO, Cassie, nada mais! - O mais alto deles gritava... Seus olhos estavam vermelhos como o fogo; ela queria queimá-los, só para tirar aquele sorriso dos lábios do homem!
- Por favor... - ela implorava.
- Responda!
- Eu... Não sei mais.
- O tempo está passando, Cassie. Decida.
Ela não tinha coragem. Não podia fazer aquilo. Eram suas amigas. Mesmo apesar do que fizeram, no fundo eram... Amigas? Parte dela já não sabia... Tudo o que aconteceu nos últimos meses foi muito confuso. Aquelas meninas, agora à mercê da vingança de Cassie, já foram suas amigas. Num passado não tão distante ou remoto, mas Cassie não podia tolerar...

Tolerar a traição, a humilhação pela qual a fizeram passar...! Depois de tantos anos de amizade, como pode tudo mudar de uma hora para a outra...?! Elas se esqueceram de todos esses momentos...?!
Essa raiva, esse rancor, esse ódio fazia o punho de Cassie apertar aquela arma... Ela sentia o seu sangue ferver, sentia as lágrimas secarem à medida que seu braço, maquinalmente, erguia-se na direção das meninas. O 'SIM' estava vindo. Estava perto. Estava a centímetros da boca de Cassie. Os olhos do homem que gritara com ela ferviam. Mas quando a arma já estava em riste, algo acertou-a como um soco. O que Rachel fazia...?

- Você está rezando...? - Toda a decisão presente anteriormente no rosto de Cassie, esmaecera.
- Eu tenho fé que esse monstro que sustenta o seu braço vai te abandonar...
- CALADA!
O tapa não machucou o rosto de Rachel. Ela parecia estar surtindo efeito em Cassie.
- Eu sei que fizemos coisas horríveis com você. Mas essa não é a solução, Cassie... Por favor...
O homem que lhe apontava a arma, puxou-lhe os cabelos, e colocou a arma em seu pescoço. Ela já não se importava mais com aquilo, preocupava-se com Cassie. Nnca achou que a amiga fosse capaz de armar algo como aquilo...
- CASSIE! - ela gritava. - Por favor, eu tenho fé em você!
- Você acredita em Deus, menina?! - O homem gritava, ele parecia enlouquecido - Acredita?! É o que vai estar escrito nessa bala, que vai te matar! Anda logo, Cassie, sim ou não?! SIM ou NÃO, CASSIE?!
A arma continuava em riste. Seu rosto, agora, vazio. Era um trbilhão, em sua mente, o ódio misturado com a pena, sentia o sangue ferver, lembrava-se da humilhação, da indiferança, mas também dos momentos em que passaram juntas... Sentia o peso da arma, o peso da sua própria consciência; sentia o sangue a escorrer-lhe a mão, sentia a culpa, por aquela situação toda... Sentia que só havia uma solução, uma resposta, uma forma de fazer a dor parar, as lágrimas secarem, o sangue parar de ferver, parar de correr...!
- SIM! - Ela gritou.
E foi a última coisa que fez. O resto quem fez foi a sua própria arma, em sua própria têmpora.
Estava acabado.
As meninas correram ao seu encontro. As lágrimas correram fartas por suas jovens faces. Nunca imaginavam que poderiam gerar tal atitude. Apenas uma brincadeira, uma... Uma inofensiva brincadeira de mau gosto... Os homens, fugiram, perturbados. Até a névoa pareceu sumir. Levando consigo a vida da jovem Cassie.

(Baseado na música 'Cassie' do Flyleaf)

Matheus Marques

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Tecendo a Teoria do Caos

Outro dia, tive um insight curioso sobre a Teoria do Caos. Enquanto o densenvolvo para postá-lo, vou colocar aqui dados retirados do Wikipedia sobre esta fascinante teoria.

"Teoria do caos, para a física e a matemática, é a hipótese que explica o funcionamento de sistemas complexos e dinâmicos. Em sistemas dinâmicos complexos, determinados resultados podem ser "instáveis" no que diz respeito à evolução temporal como função de seus parâmetros e variáveis. Isso significa que certos resultados determinados são causados pela ação e a interação de elementos de forma praticamente aleatória. Para entender o que isso significa, basta pegar um exemplo na natureza, onde esses sistemas são comuns. A formação de uma nuvem no céu, por exemplo, pode ser desencadeada e se desenvolver com base em centenas de fatores que podem ser o calor, o frio, a evaporação da água, os ventos, o clima, condições do Sol, os eventos sobre a superfície e inúmeros outros.

O efeito borboleta faz parte da teoria do caos, a qual encontra aplicações em qualquer área das ciências: exatas (engenharia, física, etc), médicas (medicina, veterinária, etc), biológicas (biologia, zoologia, botânica, etc) ou humanas (psicologia, sociologia, etc), na arte ou religião, entre outras aplicações, seja em áreas convencionais e não convencionais. Assim, o Efeito Borboleta encontra também espaço em qualquer sistema natural, ou seja, em qualquer sistema que seja dinâmico, complexo e adaptativo. Existe um filme com o nome "The Butterfly Effect" (Efeito Borboleta) fazendo referência a esta teoria."

Em breve, a Teoria do Caos.

Matheus Marques

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A Essência da Dor


O mundo é cheio de problemas. As pessoas são cheias de problemas. E são também muito atenciosas em relação a eles; aos seus próprios problemas. Parecem tudo para elas, para nós. Parece que, finalmente, alguém tem alguma razão para prestar atenção em nós; mesmo que esse alguém seja o próprio. Nós, concentrados em nossos próprios males e problemas. Como se gostássemos da sensação.
Inconsciente ou morbidamente, gostamos; do poder dizer que também sofremos e também temos problemas. Nos sentimos mais - ironicamente - humanos. Uma sensação de hipócrita humanidade nos preenche a alma; como se também fôssemos de carne e osso; como se também possuíssemos motivos para chorar; como se também pudéssemos ser infelizes.

Então, enquanto estamos curtindo a nossa dor, aproveitando o nosso momento de evidência como um ser humano, o destino trás pelo vento uma notícia que nos arrebata, nos lança contra o fundo de um beco sem saída. Não sabemos o que sentir. Até momentos atrás, era mais fácil, pensávamos apenas na nossa dor, no nosso sofrimento, no nosso pesar e ingnorávamos o fato de haver duzentas zilhões de pessoas passando pelo mesmo processo desgastante, mas com uma diferença: a verdade. A dor deles possuía uma verdade inigualável; uma incontestável veracidade; um ardor indescritível... Como o nosso problema era medíocre comparado ao da família daquela modelo que morreu...! Como a nossa revolta era medíocre comparada à das pessoas queridas daquele advogdo executado...! Como o nosso sofrimento era insignificante perante a dor lacerante dos familiares daquela criança de apenas 4 anos que morreu afogado...

COMO O NOSSO SENTIMENTO É TOLO E EGOÍSTA!

Como não conseguimos perceber que há outros no mundo e muitos outros males que assolam terrivelmente a vida deles?! Estamos nós cegos a este ponto?! Confinados ao egoísmo e ao egocentrismo?! Será que é essa a essência do sofrimento humano?!

Por favor, eu imploro: digam-me que estou errado...

Matheus Marques

domingo, 25 de janeiro de 2009

Mundo de Siglas


É incontável o número de siglas, abreviações e adjacências que, cotidianamente, encontramos por aí. Chega a ser algo quase que inconsciente! As pessoas criaram esse maldito hábito e eu imagino o porquê.

Seria preguiça? Seria realmente muito difícil para a massa dos escritores em sigla escrever as palavras completas, com todas as letras bonitinhas e amiguinhas umas ao lado das outras, como essas?
Seria pressa? Sabe como é, né? Atualmente, com o mundo do jeito que tá, a crise, o dolar, o euro, essa confusão toda, tempo é dinheiro! (No meu caso principalmente, tô numa lan house :D) Então, pela falta de tempo as pessoas cagam pro português, pros limites da sanidade e da compreensão, e escrevem em siglas deduzindo que o outro entenderá?
Seria segredo? Apenas a vontade de manter em segredo uma frsase, expressão, etc? Isso acontece bastante. Acho.

E o mais engraçado, é que é uma contradição dos diabos! Porque, às vezes, a mesma pessoa que escreve em siglas, supostamente para diminuir o texto ou para o fim que seja, também é adepta do EMUXÊS...! E aí, compensa toda a consisão das siglas no desperdício, no cuspe de letras avulsas do emuxês! É ENLOUQUECEDOR!

SIMULAÇÃO:
"Aiih, sabi, aquela minha best pdg??? Brigoh c namo dela pq ele meiki xifroh hela..!!! Aiiih, ehla meiki kix te uma dr, ska????? Pooo, certissma, ehla, kra!!! O kra mo fdp, kralho..!!!.. Aiih eh fd, neah????"

É isso aí, tentem compreender o mundo...
(sem apelar pra Freud)
E tentem compreender também as siglas...
(essas, nos comentários)

Insight ou viagem?
Os dois.

Matheus Marques

sábado, 24 de janeiro de 2009

O começo


É com um fone apertado no ouvido e R$ 2,70 no bolso que começo este blog. Numa lan house, num breve período de alívio deste contexto melancólico de uma viagem assolada pela chuva.
Mas não mais reclamações. Após uma semana terrível - sobretudo 'the day before yestarday' - inicio aqui um refúgio. Um esconderijo. Uma válvula de escape, para que eu possa fugir um pouquinho dessa vida, de tudo isso que perturba, irrita, congestiona minha cabeça - quem me conhece sabe o engarrafamente que rola por aqui...

Da melancolia, do tédio, do cotidiano e das discussões lúcidas, aqui fugimos. Enquanto o mundo lá fora discute assiduamente o que acontece no Oriente Médio, ou em Santa Catarina, ou quais serão as novas resoluções de Obama, proponho-lhes, meus amigos, algo menos global. Talvez algo que se resuma ao seu próprio interior, sua própria cabeça, personalidade, jeito de ser ou se sentir.

Insights Viajantes que me levam às mais distantes - e, às vezes, irrelevantes - dúvidas.
É o que pretendo discutir.

Matheus Marques