segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

À Amanda

Meu amor,
As mais belas e doces palavras
Não representam o que vive no fundo da minha alma
A súplica e imensurável dor a qual lhe submeto
São puros símbolos da minha covardia.
Eu não deveria, você não merecia...
Contudo minha alma extremamente sofria.
A frente de um abismo, temia cair.
Temia que o amor que sentes por mim viesse a fugir.
A cordada forca em meu pescoço pendia,
O calço em que me apoiava, dos pés me fugia.
O dano a mim provocado
Feriu-me fundo demais.
Tentando domar o desconhecido
Fui infeliz, fui incapaz.
Fiquei, então, sem saída.
Para tudo se reverter, nada podia fazer.
Havia apenas uma solução:
A ponta da faca em meu coração.
Havia também coisas boas.
Nossos dias juntos, nosso amor compartilhado
A paixão, o amor, nossos corações selados.
Sinto teu perfume ainda a minha volta...
Que fardo horrível pesa-me a saudade!
Sinto-te comigo, sempre, a toda hora...
Agulhas afiadas retirando-me a sanidade.
Buscando uma saída, finalmente a encontrei.
Agora, aos problemas colocarei um fim.
Digo-te, querida, para sempre te amarei...
Num elo inquebrável, deixo-te presa a mim...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

...maior que amor.

Cada olhar... Cada gesto... Cada brilho nos olhos... Cada toque... Cada beijo... Ardente... Quente... A oferta infinita de corpo, alma e lábios... A oferta infinita de amor incondicional e insubstituível... A vertigem das sensações mais ousadas e alucinantes que ninguém provara igual...
Além dos dois.
A vontade de entregar-se por completo ao outro. Dar-se de corpo, mente e alma. Sem vergonha, sem pudor... A vontade de rasgar-se por dentro, entregar seu coração, arrebatar-se no papel, despir-se por completo de qualquer vergonha, qualquer lamentação; a vontade de rolar pela lua ao lado do seu amor, a suspiros quentes em sua nuca, entregando-lhe os lábios quentes, sedentos, umedecidos, pela vontade, a espera, pelo carinho, pelo amor!

A vontade que não entendia, mas arder sentia, no fundo do seus ser...
A vontade de acordar sorrindo ao olhar pro lado e ver o corpo despido da pessoa que você ama, a pessoa que o completa, o alucina!

Olhar pro nada e só ver o rosto da pessoa amada, sentir-se morrer de felicidade, querer morrer de felicidade, de amor, de ardor...
Sentir-se, pela primeira vez, completo, sem nada estar faltando, apenas o contato, o toque, o gosto da outra pessoa...

Morrer de Amor...

Sua mão escrevia compulsivamente. O que tinha para falar era infinito. Poderia ficar horas ali, escrevendo o quão maravilhosa aquela paixão era. O sentimento era tão intensamente diferente de tantas outras vezes em que se apaixonara; nenhuma dessas vezes era sequer parecida com esta. Não possuíam metade do carinho, dos suspiros, dos desejos, das loucuras.
Era um sentimento que fazia a luz do sol refletir nas sempre presentes lágrimas de seus olhos, e lhes darem um brilho diferente. Um brilho mágico. Lágrimas que brilhavam numa sinfonia distinta. Brilhavam no ritmo do amor. No tempo da paixão. Paixão que consumia os dois amantes de forma indescritível. De uma forma inexpressável. Não bastavam beijos, carinhos, beijos, atos, nada que pudesse sintetizar o que esses dois loucos apaixonados sentiam mutuamente... Nada.
Era uma força maior do que tudo. Maior que o mar, o céu, o sol. Maior que as luzes, as juras, as promessas. Uma força não denominada. Conhecida por ninguém além dos dois.
O que eles sentiam era maior que amor. Maior que paixão.

domingo, 10 de janeiro de 2010

No Desconhecido - 02

De volta ao interior do quarto, Mina percebeu-o em cada aspecto. Seus olhos verde-esmeraldas varreram cada centímetro do aposento, registrando seus mínimos detalhes. A decoração, os quadros, a intenção em se criar um clima sedutoramente sinistro - ao qual Mina reconhecia estar cedendo - e tudo que contribuía para a atmosfera daquele misterioso quarto em que a jovem acordou.
O receio e a ousadia flertavam no interior de Mina, que desejava desbravar o castelo onde estava, envolver-se naquela névoa, naquela sombra de mistérios que pairava pelo ar. Fundir-se a ela, e vagar imaterialmente pela história daquele local, tornando-se parte dela. Seus olhos fascinados orbitavam pelo teto, assoalho, paredes e chão. Seus lábios resignaram-se em silêncio, para não atrapalhar o sentido que ora reinava. Sua mente já não era mais dela; há muito havia desprendido-se de Mina para brincar com as mentes de outras belas donzelas que ali haviam estado e, igualmente, perderam-se em nebulosas sonhadas.
No estado em que estava, Mina não percebeu esbarrar com seus dedos na ponta da mesa central. Uma sensação estranha percorreu-lhe como um choque; seus olhos reviraram, as cores transformaram-se, imagens distorcidas formaram-se diante dos seus olhos, tudo numa fração de segundo, duração do contato estabelecido com a mesa. O que havia acontecido? Que sensação fora essa? As cores, as formas, tudo... Aquilo tornava-se mais estranho, o que haviam feito com ela? Ofegante, ela percebeu: uma única maneira de saber. Seus olhos desceram ao encontro da mesa, fecharam-se em sua própria escuridão, e os dedos da jovem procuraram, num repente, o toque. Uma onda avassaladora encolheu Mina a sua própria esfera, e a fizeram revirar-se num plano jamais habitado. As cores, as imagens, tudo transmutava-se a um universo atemporal em que Mina, num baque aterrissaria em breve. 'Não rompa o contato, não rompa o contato!'. Em breve, ela esperava saber aonde estava indo - se, de fato, estivesse.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Far Away

Eu fico aqui pensando, nesse momento solitário, no que ando fazendo ou pensando ou sentindo. Foram tantas as coisas que eu falei e que me falaram que, agora, ao som de 'Far Away', reflito: estou eu tão distante? Do que era, do que já fui, do que já gostei de ser? Será? Num primeiro momento, acho que não. Continuo a ser o que sempre fui, talvez um pouco mais, paradoxalmente à vontade - quando essa sensação alterna-se com a tensão - e definido. Mas ao mesmo tempo em que sinto isso, flagro-me tão... Eu não sei exatamente. Diferente talvez, do que eu gostaria de ser, mas não sou. Ou do que gostaria que fosse, que fizessem de mim e não o fazem. E acho curiosa, talvez até, cínica a forma com que me posto em situações perante outros. Aí sim, parece outro. E eu não entendo, já que não é outro, eu sei que sou eu e assim me reconheço. Então, qual o problema? Talvez eu não queira ser daquela forma. Talvez eu não queira ser nada disso. Ou talvez eu simplesmente queira e queria que os outros quisessem também. Sim, nesse caso seria muito melhor. Mas somos homens e lidamos com fatos. Fotos, idealizações, não cabem a nós. Somos homens, somos máquinas, somos isso. Então... Pensemos como... Isso?

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Merci

Adoro como as suas palavras bonitas me confortam. Achei linda essa inversão de papéis em relação ao começo, quando eu tinha de te convencer que a vida valia a pena. Quando o peso do mundo parece que recai sobre nossos jovens e imaturos ombros, é que as dúvidas e questões voltam a arrebatar-nos irremediavelmente, tomando-nos toda a atenção e deixando-nos presos a sua própria mercê.
Adoro a sua facilidade em entender o que os outros pensam e sentem. E como você usa essa habilidade para nos causar tão bem! Adoro demais... Como você chega a um tão recente desconhecido e oferece toda a sua... Eu não sei. A sua atenção, o seu carinho, o seu vocabulário rebuscado. O seu coração. Acho isso lindo.
Adoro como o seu conselho serve-me como uma luva. Adoro o seu entendimento. A sua eloquência e a sua paciência, preocupado realmente em ajudar. E, saiba, que esse conselho que me deu, na verdade, é para resolver um problema criado (também) por você, ok? Afinal, você tinha/tem dúvida que uma dessas pessoas por quem tenho tanto carinho é você?

sábado, 2 de janeiro de 2010

In Memorian

Eu me lembro da Sankai. Aquela pousada em que, a uns anos atrás, a minha família se hospedou. Acho que foi a primeiro vez que visitamos Ilha Grande. Tinha lá os meus sete ou oito anos. Andava com meu irmão mais velho pra cima e pra baixa daquela linda e exótica pousada. Era toda amarelinha. Acho muito bonito amarelo. Bem alegre, ironica e atualmente.

Lembro-me particularmente das crianças. Tinha um Rodrigo (ele seria o galã mirim das férias e, obviamente, eu o invejava secretamente, já que eu me considerava o Cyrano de Bergerac da galera), um garoto que chamávamos não-carinhosamente de Cagão da Camisola (por causa da sua sorte na sinuca e do horrível roupão de banho que usava sempre), umas outras garotas das quais tenho vagas lembranças, um tal de Pedro, provavelmente, Henrique (que era, eu acho, o mais meu amigo). Tinha também uma velha que pescava...

Mas o que não me sai da cabeça é a menina. Yumi. A filha dos donos da pousada. Lembro-me nitidamente dos olhinhos puxados. Do aparelho fixo apenas nos dois dentes da frente. Teve um dia que ela me chamou pra brincar de mímica com ela e as outras crianças. Eu adorei! Sentei com eles no jantar e comi aquele frango gostoso da mãe dela... Foi realmente muito legal. Eu lembro que havia uma placa do lado de fora do quarto dela, escrito 'Yumi's Place'.

Quando li a reportagem meus olhos encheram d'água. Aquele lugar em que já havia estado. Aquelas pessoas que já havia visto. Aquela menina com a qual já havia brincado... Violentamente retirados do mundo. por um deslizamente de terra. A tão difícil e bela localização daquela pousada tornou-se a sua própria algoz. Assim. De repente. Sem esperar, sem despedir, sem ameaçar, sem dar chance, a Morte levou-os embora.

Eu sei que tudo acontece de acordo com um plano. Acredito no invisível e no não-acaso. Então sei que não é fim, e que agora a plaquinha 'Yumi's Place' apenas está em outro lugar.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Sonhos de Artifício

É quase meia-noite. Garrafas de champanhe são agitadas ao redor da piscina. Sorrisos são trocados. Expectativas circulam pelo ar. Os últimos minutos de 2009 agitam-se no ritmo acelerado em que a saída se dá. A espera é acentuada por fogos. Uns mais timidos e modestos, antes de a grande festa se iniciar. Palavras são trocadas, verbalmente ou não. Garrafas mais e mais chacoalhadas, até que a primeira tampa irrompe pelo ar.

'Feliz Ano Novo!'

Os fogos retumbam fartos e animados pela noite. Gritarias, mais sorrisos, muito champanhe, muitos brindes e muitos votos. Desejos de paz, de saúde, sucesso, concretizações e tudo o mais. É um momento em que a alegria paira pelo ar. Todos se esquecem de qualquer problema, seja de escala pessoal ou mundial e concentram-se na própria alegria. Mais um ano. Mais uma oportunidade de se alcançar felicidade. Mais uma esperança, e uma vitória na luta de se viver no mundo.

Desejo um ano de muitos sonhos. De muitas concretizações de sonhos. De muita luta, pois não há plena conquista sem luta. De muito amor - all you need is love... De muitos sorrisos e muitas lágrimas - para que possamos perceber, a todo momento, que estamos vivos!

Feliz 2010.