Só pode ser essa a explicação... Deve haver alguma coisa que foge do meu corpo em direção ao seu. Um fogo, uma química, uma energia... Eu diria, simplesmente, eletricidade. Algo que pulsa em mim, em direção a você, e que de você, parte para mim.
Quem sabe, um feixe de luz incolor e invisível. Após atravessar o meu corpo, eriçando cada fio de cabelo, desprende-se desse meu enorme sentimento, em direção a você. Sem saber, o mesmo processo ocorre identicamente em você, emitindo essa espécie de rajada luminosa em direção a mim.
O encontro é eletrizante. Sem conseguir alcançar seus trocados destinos, essas energias encontram-se no meio do caminho, flutuantes no ar. É impressão minha ou estariam dançando? Enquanto reconhecem a presença uma da outro, dançam no ar, imitando formas, renovando elétrons, criando novas cores e espaços.
Enquanto ali estão, parece que o tempo parou. Não sentem os minutos a passar. Até que, regidos por sua própria velocidade, os feixes de luz, num milésimo de segundo, sentem-se estáticos. Parecem conseguir enxergar um ao outro, sentir um ao outro, como se fundissem suas energias e, num micro instante, fossem apenas um. E como fogos de artifícios, no segundo seguinte, difundem-se, explodem, espalham-se por todo o espaço, tornando essa eletricidade vinda de mim, ou de você, parte do que está entre nós.
Latuf nos deixou. Andará por Pasárgada, Vênus, as mais belas estrelas.
Poetas não morrem, se transformam. Latuf pulsa e brilha, energia cósmica.
Esteja ond...