sábado, 31 de janeiro de 2009

A Regente


É como um fio que foge. Quando corro atrás dele, ele foge de mim. Me zomba, ri de mim. Mas quando o esqueço, ele faz-se presente. Vem, afaga-me marotamente. Provoca-me. E quando tento, agarrá-lo escapole-me das mãos. É um ciclo. Uma disputa. Uma divertida caçada cujo resultado, os senhores presenciam.

Enquanto ela não quer, não escrevemos. Ela controla, não os nossos dedos, mas o maquinário, que produz o impulso e o leva da cabeça ao braço, do braço ao teclado, e do teclado às palavras. Ela é magnânima em seus desejos e caprichos. Devemos o que produzimos a ela.
Tentar contrariá-la é inútil. Perda de tempo. Tentará, desesperadamente, e só o que conseguirá será o cursor piscando para você, indagando: “E agora? – O que fazer? – Vai escrever? – O que? – O que?” Sem parar... É extremamente angustiante. Você querer escrever sem saber o que, como, por onde, e tudo o mais. Talvez falte perceber o que o move. Ela. Talvez falte perceber que não é você que decide quando escreve, e sim, ela. Você é apenas um mero escravo; todo escritor é apenas um mero escravo, de uma força maior, regente de todos os que se arrebatam no papel.
Se tens sucesso, agradece a ela. Se te expressas como desejas, agradece a ela. Se ama teus escritos, agradece a ela. A regente do nosso talento. A responsável de tudo isso. Essa força maior que o qualquer explicação que o mundo pode comportar:
A Inspiração.

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