segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Perda ou Ganho?

É curioso o fato de acharmos que sabemos o que é melhor para nós, quando às vezes tudo isso não passa de uma auto-sabotagem. Podemos afirmar de pés juntos que somos os mais devidos autores das nossa decisões e atitudes. Sabem como é... A - ilusão de - onipotência do jovem ultrapassa os limites da sanidade e às vezes até do ridículo. Nos consideramos a cada ano que passa mais maduros, mais "pé no chão", mas continuamos a cometer os mesmos erros infantis e imaturos! Acredito se tratar de um ciclo. Talvez nunca acabe, e nos aprimoremos a cada minuto, de cada hora, de cada dia, de cada mês, de cada ano que passe. Talvez seja um fado chamado aprendizado. Vovó dizia: uma vez é erro, a segunda, é burrice. Mas será mesmo? O homem cansa de cometer as mesmas falhas tão elementares à sua vida. Será ele burro?

Mas, retornando ao foco do meu insight, acreditei durante toda a minha vida, usufruir de uma liberdade criativa, pessoal, expressiva... E acreditei ter certeza de determinadas coisas na minha vida, tais como metas ou sonhos, que me faziam abdicar de algumas vontades - de um jovem normal, como qualquer outro - para me dedicar ao que era mais importante para mim. Mas esse é o ponto:

Como eu saberia que aquilo era o mais importante para mim?

Sabe? Eu era - mais! - jovem, não sabia exatamente o que queria, ou até tinha uma idéia, mas algo muito vago para me aprisionar daquele jeito...! Hoje, eu acho que o meu conceito de liberdade era meio distorcido; eu era livre para escolher minhas opções, minhas prioridades, meus valores e tudo o mais, mas não percebi que esse conjunto me envolveu numa espécie de redoma ou prisão que não me permitia mais agir em prol de outras coisas... É claro, eu saía, estudava, mas tudo de uma forma secundária; meu foco não era nada disso. Eram apenas distrações. Foi duro, demorou um pouco, mas de repente, a ficha caiu: eu só falava de teatro! Nada mais saía da minha boca, ocupava a minha mente e o meu tempo. Deveria ser muito tedioso conversar comigo, pois o assunto que eu puxava era sempre o mesmo. Sim, eu conversava sobre o assunto que o outro propunha normalmente, mas se dependesse de mim, seria palco, textos, sinopses, coxia...

Talvez toda essa decisão e essa certeza do meu foco, do meu objetivo tenham me afastado das simples dúvidas e questões do cotidiano. Da indecisão, da insegurança, e de tudo isso que um jovem normal sente.

Então... Terá sido essa desventura uma perda ou um ganho?


Um comentário:

  1. Sim, o homem é burro. O homem vê o que está acontecendo e prefere não fazer nada a respeito, prefere tomar a decisão que sabe ser errada em benefício próprio. Aliás, não é burrice, exatamente: é egoísmo. Desde antes das riquezas, antes das vaidades, dos luxos, o homem é puramente egoísta: se o outro tem mais, eu quero ter mais do que ele. Não é como se isso não devesse acontecer - foi assim que a maioria das espécies sobreviveu ao passar do tempo e foi assim que alcançamos grandes estágios durante a construção da nossa história.

    Ah, sim, bom. Não era chato falar com vc,porque quando a gente se via todo dia eu estava muito mais preocupada comigo mesma - sendo egoísta e chata e crítica.
    De qualquer forma, você já pensou que é isso o que quer por que nunca experimentou outra coisa? ;)

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