domingo, 21 de novembro de 2010

Fazer mal e fazer bem

Entrei no ônibus. Procurei o lugar que mais me agradava, acabei por sentar no último assento da fila da esquerda. Assim que sentei, orei, como de costume. Não sei... De tantas vezes que já executei esse hábito, imagino se o fato de estar são e salvo e afastado dos males decorre desse costume. De qualquer forma, dessa vez, talvez sim.

Sem problemas, o ônibus ia percorrendo o seu percurso. Cheguei até a pensar na tranquilidade daquela viagem, ainda que cheia, num domingo à noite. Eis que o ônibus parou, e, ao abrir suas portas de trás, entraram dois rapazes. "Não vou descer", disseram, em tom de brincadeira. Uma mulher, do lado de fora, colocou sua pequena filha para dentro do ônibus, como fazem de costume, aquelas que não querem fazer as criancinhas pularem a roleta. Depois de embarcada a menina, a mãe decide retornar à porta da frente, para a sua devida entrada.

Há um porém.

O motorista não viu que a mãe da menina entraria pela frente. Crente que todos os passageiros já haviam entrado, arrancou com o ônibus. Irromperam gritos e protestos dos demais passageiros. "A filha da moça está aqui dentro!". "Pare o ônibus!". E ele assim fez. Parou o õnibus e abriu a porta de trás, quem sabe com um pedido de desculpas nos lábios. Quem sabe, não.

O que eu sei: dois rapazes prorromperam pelas portas com toda a fúria e xingamentos que podiam expressar. A mãe, desesperada entrou, entre gritos. O que podia ser, quem sabe, uma razão, tranformou-se em brutalidade: os dois rapazes não pensaram nem meia vez antes de pular a roleta e agredir o motorista. O clima no ônibus era tenso, desesperado. Pessoas corriam, outras se abaixavam, outras apartavam.

E a criança? Chorava. Chorava ingênua, assustada, enquanto os que precisavam, ou deviam, protegê-la, buscavam uma certa vingança, ou acerto de contas sobre um mal-entendido.

Até quando a vingança será mais importante que o alento?
Até quando o fazer mal superará o fazer bem?

Que isso passe.

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