segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Refratar de Raios

Ele pos os óculos, e seguiu sua viagem.
As ruas não mais cheias que o normal. As pessoas pareciam não ter rosto, na pressa de seus afazeres diários. Olhares não existiam, logo não se cruzavam. A paisagem enegrecida pelos óculos simplesmente continuava a acompanhar o passo do rapaz, que observava os vultos ao seu redor tomarem formas diversas.
O céu estava cinza, o sol brilhava opaco e perfeitamente delineado. Nuvens havia no céu, para que o tempo não conferisso ao rapaz a tão sonhada sensação de plenitude. Os óculos filtravam tudo. Os sorrisos, as expressões, as energias, as vibrações. Eram a barreira entre o jovem e o mundo; barreira essa rão precisa e fundamental.
Parou diante do objeto de seu interesse. Olhou-o num refratar de raios e, pediu-lhe o desejado. Num lento movimento, quase impacientemente rejeitado, a missão fora cumprida; Ricardo folheou a revista rapidamente, à procura da matéria de seu interesse. Seus olhos escondidos correram pela página aberta com enorme destreza, localizando nomes, confirmações e preocupações precisas. O rapaz levantou-se; mentalmente lembrou-se das informações colhidas, e, displicentemente, atirou a revista ao chão.
Sacou o celular, pos ao ouvido e deu a ordem, ali, no meio da rua e da sua consciência embarreirada:
- Mate-os.

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