quarta-feira, 5 de maio de 2010

Bacantes

A luz estava baixa. A claridade era poca. Melhor assim... As pessoas agitavam-se de cômodo a cômodo. O álcool - servido quase ritualisticamente - subia às consciências de - quase? - todos, deixando o desfecho daquela noite entregue a... Baco? Talvez. Ou então, entregue aos próprios desejos daqueles loucos.
A música, não tão alta, embalava o que viria a seguir, por mais que os envolvidos ainda não soubessem, apenas desejassem. Num repente e numa sombra, um beijo - há muito desejado. Acima de tudo, uma satisfação e um indicador sobre lábios:

- Escondido é sempre melhor.

Outro sorriso, agora cúmplice. Cumplicidade essa que se repetiu pelo resto da noite que se abria. A espreita, o perigo, o frisson... Foram bons enquanto duraram, até que, com a descoberta dos bacantes, acabou-se a graça - pelo menos, aquela.
Num outro repente, um ataque. Da outra parte, ou "partes". Sim, a covardia de duas forças sobre uma que, após lutar com (falsos?) escrúpulos, rendeu-se e entregou-se. E não se arrependeu. Felizmente, o álcool não havia lhe tirado a sanidade, talvez parte do bom senso, apenas (ou seria "ainda"?).
O fim da noite foi marcado pela persuasão. Pela eloquência de palavras quentes ao pé do ouvido... Mas, sobretudo, pelo toque e pelo calor - no seu sentido mais humano - trocado entre aqueles corpos e almas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário