Ela chorava imóvel. Sentada com os pés bem juntos ao corpo. Seus olhos inudados perdiam-se no nada. Somente o que se ouvia era o som dos soluços; banhados no aroma do seu perfume doce, eles martelavam a noite fria, que entristecia-se cada vez mais com aquela cena. O luar, que adentrava a pequena sala pela janela vazada, também sentia profunda pena daquela jovem abandonada, cujos lábios ainda balbuciavam lentamente os mesmos versos, incansáveis e insaciáveis.
"Entre por essa porta agora.
E diga que me adora.
Você tem meia hora
Pra mudar a minha vida.
Vem, vambora...
Que o que você demora
É o que o tempo leva..."
Assim se fez até sempre. Até a jovem se tornar um borrão naquele lugar; até ela fundir-se ao luar, unir-se à noite e ficar a cantar, por meio da brisa, os mesmos versos tatuados na sua alma, então, nebulosa.
Latuf nos deixou. Andará por Pasárgada, Vênus, as mais belas estrelas.
Poetas não morrem, se transformam. Latuf pulsa e brilha, energia cósmica.
Esteja ond...
Melhor que "você tem meia hora para mudar a minha vida" é "Você tem exatamente um segundo para aprender a me amar, você tem a vida inteira para me devorar..."
ResponderExcluirSalve Adriana Calcanhoto! Salve Cazuza! Salve a Música Popular Brasileira!