terça-feira, 13 de outubro de 2009

Catalepsia - 02

Enfim, nessa noite sem estrelas que habito, nesse entremorte - ou talvez-morte - em que se tornou a minha não-vida, nada posso fazer por nada. E acrescento que, se isso é a morte, ela não traz respostas a ninguém, apenas mais dúvidas. Sim, todos mentiram para nós, e, se isso é vida após a morte, eu prefiro a minha não-vida de antes. Estranho... Eu nunca pensei preferir aquilo a qualquer outra coisa. Novas circunstâncias, novas preferências. Mas acho que não prefiro não... Dá no mesmo.

Mas por que, então, chamam a morte de descanso eterno? Até agora, não descansei nada! Só descambei a falar (é estranho falar "falar", já que a minha boca não se mexe ou emite sons) como um louco, e nenhum descanso. Se bem que nem tentei... E acho que nem quero.

Estranho mesmo como até agora eu não lembrei de nenhum fato, ou pessoa da minha vida... Agora que eu penso, eu percebo. Será que isso é triste? Eu sei lá, não controlo a minha memória... E quem na minha não-vida foi tão importante assim para ser lembrado agora? Acho que ninguém. Ninguém do qual eu queira falar. Houve pessoas, sim. Houve feridas, que aparentemente nem a - por que não? - morte pôde curar. Então estou bem - ? - assim. Sem ninguém, como sempre, mas sem necessidade de ninguém, como nunca.

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