Ele fechou os olhos.
Apenas escutava.
Transportava-se dali. Fugia da névoa que o rodeava, o envolvia interna e externamente. A música aos seus ouvidos convidava-lhe, sedutora, a embarcar na sua doce e sublime melodia, para juntos, fundirem-se numa única onda, tridimensional, a levitar pelo fino ar em que estavam, realizando curvas, elipses, zeugmas, assíndetos...
Ele abriu os olhos.
Viu seu mundo em trezentos e sessenta graus.
Girava em torno de seu próprio eixo perdido ao vento. Seus olhos encharcados perdiam-se em suas desórbitas, já desorbitadas pelo leve movimento circular que realizava com destreza e rapidez, quebrando, furando, deslizando pelo céu como uma agulha cortante que dilacerava as nuvens, os sonhos e as desesperanças...
Ele abriu o corpo.
Sentiu o mar nebuloso filtrá-lo por completo.
Mergulhava na neblina de seus anseios e aspirações. Seu antes-peito abrira-se ao tudo, ao mundo, ao outro e à si, conferindo-lhe universalidade, um sonho antes distante, agora palável, possível do toque ou não, mas sim, da sensação maravilhosa do sentir universal, da sensibilidade eterna, do sabor da alegria.
Latuf nos deixou. Andará por Pasárgada, Vênus, as mais belas estrelas.
Poetas não morrem, se transformam. Latuf pulsa e brilha, energia cósmica.
Esteja ond...
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